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Feliz ano velho, bem-vindo ano novo: as moradas das memórias de fim de ano

Por Fransciane Guimarães


No último domingo de novembro, iniciou o tempo do advento na tradição cristã católica, e prontamente foi possível observar as luzes que simbolizam a chegada do natal e os preparativos para as festas de final de ano. Na tradução do latim o termo “advento”, período escolhido e vivido pelos cristão que corresponde às quatro semanas que antecedem o natal e o primeiro tempo do ano litúrgico, representa a “chegada”, um momento de alegria e celebração para recordar e reviver o nascimento de Jesus Cristo.

Nas terras do Desterro, esse período é marcado pela simplicidade, forte religiosidade e grande movimentação. E não é à toa, porque terra de Maria é casa de mãe, onde o lugar pode até ser pequeno, mas o coração, o acolhimento e o aconchego são grandes.

Durante esse período, vê-se nas ruas o corre corre das crianças, que jogam bola e andam de bicicleta curtindo intensamente o período de férias. Nas calçadas das portas os moradores sentam, aproveitando o fim da tarde, compartilhando longas conversas. Nas casas novenas de natal acontecem e no tardar do dia, em algumas portas e janelas observam-se singelas luzes, que podem ser vistas até o raiar do dia, indicando que o final de mais um ano chegou.

Mas nem sempre foi assim, o ritual praticado, anos atrás, tinha como base uma decoração afetiva. Não tinha luzes, nem árvores e nem Papai Noel, apenas a miniatura de uma caminha vazia ou de uma manjedoura em um altar, muitas vezes sem presépio, compondo toda a decoração.

Eram dias vividos com muita naturalidade, sem fugir da rotina. Apenas na noite do dia 24 de dezembro que algo mudava, nas casas as famílias praticavam o congraçamento durante um singelo jantar, trocavam presentes que eles mesmos faziam e logo se encontravam na missa do galo, que iniciava meia noite e encerrava momentos antes da missa da galinha, chamada assim por acontecer ao amanhecer.

Tempos felizes, mesmo com as dificuldades vividas durante o ano, pois naquele momento celebravam a união, a paz, a alegria e a esperança de dias melhores, a começar pelo ano novo que estava a chegar. E como forma de atrair a tão desejada prosperidade no próximo ano, os adultos se preparavam para receber as crianças que tradicionalmente, passariam no fim da noite do dia 31 de dezembro e amanhecer do dia 1º de janeiro, pedindo pelas ruas e de casa em casa “festinha de ano novo”, na espera de receber dos moradores balas, doces ou até mesmo dinheiro. Essa troca, de felicitações e desejos para um bom ano por guloseimas e dinheiro, representava um ano abençoado e agraciado, não só para quem recebia, mas também para quem doava.

Tratavam- se de experiências marcantes, vividas e construídas sobre valores e tradições, que até hoje são transmitidas e praticadas, e que representam os mais nobres ensinamentos de que o verdadeiro significado do natal e do ano novo não são as grandes ceias, as belíssimas decorações e os mais valiosos presentes, mas sim a generosidade, a união, o amor, a alegria, o respeito, a paz e as recordações, que permanecem de tempos em tempos, como ensinamento de viver cada ano melhor, agradecendo pelo feliz ano velho e também pelo feliz ano novo.

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