Por Francina Ribeiro
Manuel Carvalho da Silva poderia ter vindo, presumivelmente, (não há qualquer documento conhecido que comprove essa afirmativa) da região de Coimbra, em Portugal, do Morgadio dos Carvalho, ao pé da Serra do Carvalho. Nessa região abundavam árvores do mesmo nome. Como era comum, antigamente, muitos dos sobrenomes que identificam as famílias vieram dos locais de onde elas se originaram. Mas, o que se sabe com certeza é que Manuel Carvalho era português e chegou às terras onde hoje se localiza o Distrito de Marilândia por volta de 1750. A se confirmar que seu pai estava nas minas do ouro em 1711, deve ter vindo para a Colônia nos primeiros anos do século XVIII. No livro Memorial do Desterro, de Lázaro Barreto, há uma breve referência a outro Manuel Carvalho da Silva, que subscreveu o termo de fundação da vila de Sabará, em 1711, segundo assento no Livro I de Tombos do Museu Arquidiocesano de Mariana, e que poderia ter sido pai do primeiro.
Como informação interessante, vale lembrar que um dos representantes dessa antiga e ilustre família portuguesa, cujos registros podem ser encontrados desde o século XII, foi Sebastião José de Carvalho e Melo, mais conhecido como Marquês de Pombal, o poderoso ministro do rei D. José I, que reinou em Portugal entre 1750 e 1777.
De acordo com as pesquisas disponíveis, nada se sabe ao certo sobre os pais desse Manuel Carvalho da Silva, que veio estabelecer-se no sertão das Minas Gerais em meados do século XVIII e a quem é atribuída a fundação do arraial de Nossa Senhora do Desterro, atual Marilândia. Sabe-se, no entanto, que ele adquiriu a sesmaria de José Jácomo Raposo e de Bento de Oliveira Ramos e a legalizou em 1754. Essa data corresponde a inscrição que havia no alto de uma das portas da fazenda Bela Vista.
Manuel Carvalho teria morrido solteiro e, segundo informação constante no livro Memorial do Desterro, já citado, não deixou descendentes. Para doar as terras onde foi construída a capela de Nossa Senhora do Desterro- Igreja de Marilândia- teve que levar uma certidão da Paróquia de Passatempo ao Bispado de Mariana, comprovando não ter herdeiros.
Ao que consta, Manuel não teria deixado descendentes. Também não se encontraram referências a seus sucessores imediatos na propriedade ou a quem ela teria passado após sua morte. O primeiro sucessor conhecido (citado por Lázaro Barreto em sua obra já referida) foi Antônio Domingos dos Reis, falecido em 1830.
Antônio Domingos, sendo solteiro e sem herdeiros, deixou a fazenda para seus afilhados Miguel Alves Pereira e Luiz Antônio de Jesus. (Não se encontrou a data)
Em 1839, a propriedade passou ao vereador da Câmara de Tamanduá (Itapecerica) Joaquim Claudino Vieira.
Em 1875, eram proprietários da fazenda Bela Vista Antônio Cândido de Faria Lobato e Carlos de Faria Lobato, cujo parentesco não é referido. São esses os últimos nomes relacionados entre os sucessores antes da propriedade chegar às mãos de Joaquim Ferreira de Morais. Entretanto, é possível que tenha passado por outros proprietários, pois Joaquim Ferreira de Morais adquiriu a Bela Vista por volta de 1920.
Falecido em 1955, Joaquim Ferreira de Morais deixou a enorme fazenda para seus cinco filhos, que a dividiram, ficando a sede e sua imponente casa colonial com a filha Sebastiana Maria de Morais Ribeiro e com seu marido Manuel José Martins Ribeiro, que a mantiveram até 1980. Nesse ano, após parcelamento, o casal Ribeiro fez doações aos filhos João Luiz Ribeiro, Gercina Ribeiro Michelini, Marílis Ribeiro Pimenta, Maria Ribeiro dos Santos e Beatriz Ribeiro. A sede coube à filha Maria Ribeiro dos Santos e a seu marido Oder José dos Santos, que a venderam em (Não se encontrou a data) a José (Não se encontrou o nome completo). Esse a vendeu ao advogado Marcelo Corrêa Fernandes, residente em Belo Horizonte e seu atual proprietário.
Entre os descendentes de Joaquim Ferreira de Morais, apenas Gercina Ribeiro Michelini conserva ainda sua parte, tendo as demais sido vendidas ao longo dos anos.
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